segunda-feira, 20 de março de 2017

Punho de Ferro | Crítica

Por Unknown   Postado em  03:57   TV Nenhum comentário


Inconsistente, última série pré-Defensores é uma verdadeira novela corporativa. 
Cenas de lutas frenéticas e bem coreografadas, geralmente num cenário com uma luz baixa, é algo que já nos acostumamos a ver desde que a primeira temporada de Demolidor fora lançada em 2015. Nos acostumamos com isso e aceitamos essa nova adaptação a esses personagens – Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage – nas séries muito bem feitas pela efetiva parceria Marvel+Netflix. A mais nova dessa parceria, porém, não atinge o esperado e é a única abaixo do nível, com um roteiro que às vezes parece muito descuidado com elementos, que parecem simplesmente jogados na história, sem cautela alguma.

Quase como em Arrow, Punho de Ferro nos mostra Danny Rand (Finn Jones), herdeiro bilionário da rica corporação Rand, que junto com seus pais – os donos da companhia – foi dado como morto em um acidente de avião. 15 anos depois ele reaparece em Nova York, aos trapos, tentando convencer a todos que é Danny Rand, o próprio, algo que obviamente, seus amigos de infância que agora estão no comando da empresa - Ward (Tom Pelhprey) e Joy Meachum (Jessica Stroup) - não acreditam.

Em seu tempo desaparecido, Danny na verdade viveu uma vida completamente diferente da agitação de Nova York em um místico lugar chamado K’un Lun. Lá ele aprendeu artes marciais com monges e se tornou o ‘místico’ Punho de Ferro. Algo que era pra ser mais desenvolvido na história e mais bem explicado é simplesmente chamado de “monastério” por todos os personagens que eventualmente perguntam para Danny onde ele esteve todo esse tempo. Não dá pra saber se isso foi um elemento do próprio Danny para evitar explicações sobre o lugar mágico ou algo realmente sem muita profundidade de roteiro, e se torna um elemento fato mal explorado na série, logo no começo.
Efeitos visuais também deixam a desejar.
Nesse começo Finn Jones é muito competente no papel, deixando bem claro que seu personagem realmente não faz ideia do que tá acontecendo. Conforme a série vai se desenrolando vamos descobrindo pouquíssimas coisas sobre o passado de Danny em K’un Lun, e vemos o “desenvolvimento” de seu arco na história, que na primeira metade foca em Danny querendo se provar e reconquistar seu direito na empresa de seus pais. E o que poderia ser mais interessante e dinâmico se torna mais uma novela corporativa e isso se comprova exatamente no 3° episódio. Isso tudo não ficaria ruim se o roteiro também não fosse confuso e inconsistente.

Nas subtramas temos Colleen Wing (Jessica Henwick), uma professora de kung-fu que esbarra em Danny no começo da série e parece uma personagem pouco aproveitada mas se torna muito importante para a revira-volta do roteiro, que começa a ser construída na metade da temporada. Colleen é também o par romântico do herói, mas felizmente não é nada muito forçado, nada feito só pro herói ter uma namorada na série sem muita profundidade, é muito pelo contrário. E continuando nas histórias paralelas temos também a enfermeira Claire Themple (Rosario Dawnson), repetindo seu papel de ajudante do super-herói quando este se machuca muito. Infelizmente, algo que temos que aceitar é que Claire é destinada a viver todas essas aventuras, como a própria personagem menciona em uma cena. Veja bem, entendo que ela está presente no mesmo local e tudo faça parte do mesmo universo, mas é muito difícil ter que engolir a coincidência de que ela tem aula com a mesma pessoa que Danny conhece. Parece que ela existe só pra ser um personagem em comum entre todas as séries mas quanto mais isso acontece mais cansado fica.

Algo que começa a incomodar em alguns momentos da série é a atuação de Finn Jones. Não o desempenho do ator em si, pois é nítido que ele se dedica no papel, mas chega a ser confuso; não dá pra entender a personalidade dele, a ingenuidade e infantilidade do personagem não são bem explicadas, ele simplesmente é daquele jeito. As vezes não dá pra acreditar que ele seja tão ingênuo, e talvez isso se deva ao fato de que o roteiro não se dá o trabalho de explorar muito o lado 'problema-psicológico' de Danny em nenhum momento. Um verdadeiro desperdício do personagem.

Em contrapartida com o começo da série que é muito arrastado e estranho, as coisas começam a esquentar e ficarem interessantes lá pro 4° e 5° episódios, ganhando um ritmo legal. Mas ainda que, o episódio 6 (Imortal Emerge da Caverna) possua um elemento retirado dos quadrinhos, o campeonato, e pareça algo interessante, na verdade é muito mediano e sem graça. Ainda assim a história ganha um ritmo legal e parece - só parece mesmo - que os fatos começam a ficar mais claros e resolvidos, com mais explicações.
A maioria das cena de luta não empolgam e parecem ser mal coreografadas
Depois dessa metade, um suspense e mistério são construidos no quesito de quem é o verdadeiro vilão da história, há todo um mistério por trás disso e não fica claro em nenhum momento. Harold Meachum (David Wenham) é um dos potenciais vilões que parece que está escondendo algo o tempo todo e é muito misterioso. Madame Gao (Wai Ching Ho), também presente em Demolidor, é outra que parece ser uma ameaça e que leva o Tentáculo a história, um grupo do mal que também aparece em Demolidor. Esse leque de possibilidades de vilões não é ruim, pois prende bastante na história, compensando todos os erros de continuidade e de roteiro presentes na série.
Jessica Henwick, que interpreta Collen Wing, é definitivamente uma das melhores - senão a melhor - coisa da série.
Por causa desse mistério, é sempre esperado algo a mais na grande ameaça e no clímax da história. Mas quanto mais a série se encaminha pro final, mais ela parece chegar a nenhum lugar. E infelizmente isso realmente acontece. Toda a intriga corporativa volta a ser a base da trama, numa resolução final muito ruim e mal feita. O último episódio chega a ser decepcionante, com talvez o pior confronto de herói e vilão de todas as séries de heróis que existem – até mesmo as da CW. Uma pena que todo o potencial do personagem e todos os elementos que o envolvem, como o manto que ele carrega, a cidade mística, e até mesmo o seu superpoder não tenham sido bem explorados pela série. Claro que quem conhece os quadrinhos sabe como tudo funciona, mas faltou muita explicação para o próprio Punho de Ferro. O que deveria ser essencial não é primeiro plano em momento algum.

Punho de Ferro é a série mais mal resolvida do grupo de heróis da Netflix. É inconsistente e parece existir só pra mostrar o último personagem que faltava, sem desenvolvimento e profundidade. Há poucos momentos realmente bons e os erros se sobressaem aos acertos. Agora é esperar e ver como a Netflix vai reunir Matt Murdock, Jessica Jones, Luke Cage e Danny Rand em Defensores, que chegará ainda esse ano.




Título: Punho de Ferro (Iron Fist)
Duração: 55m/ep
Episódios: 13
Criação: Scott Buck
Nota do IMDb: 8,3/10
Rotten Tomatoes: 17%


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