terça-feira, 7 de março de 2017

Doutor Estranho | Crítica

Por Unknown   Postado em  10:04   marvel Nenhum comentário


"Dormammu, eu vim barganhar."
No segundo filme da terceira leva de produções do Universo Cinematográfico Marvel (o primeiro dessa fase foi Capitão América: Guerra Civil) o Mago Supremo, muito conhecido dos quadrinhos, Doutor Estranho ganha sua adaptação para as telonas. Uma história de origem adepta à famosa fórmula Marvel, que não chega a ser tão excitante quanto a do Homem de Ferro (2008), ou até mesmo à de Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), mas entrega um filme divertido e brincalhão, com muitos elementos que agregam valor ao futuro do Universo Marvel no cinema.

O personagem da vez é Stephen Strange (Bennedict Cumberbatch), um médico extremamente bem sucedido e, diga-se de passagem, arrogante, que protege sua imagem como o melhor cirurgião existente. Poucos minutos são dedicados a mostrar Stephen em sua vida normal, aliás, é apenas uma cena que consegue definir quem ele é, o que não dá pra saber se o filme quis ser objetivo ou apressado em progredir com a história logo.

Após ser convidado para participar de um jantar, Stephen sofre um acidente de carro muito grave, ficando quase sem o movimento das mãos – instrumento principal utilizado pelo médico. Strange, claro, não aceita sua atual situação e acaba descobrindo sobre um rapaz que perdeu o movimento de todo seu corpo e que conseguiu se recuperar completamente após visitar um lugar chamado Kamar-taj. Ele então começa a sua busca para esse misterioso lugar.

Há nessa parte um fato que somos obrigados a aceitar que foi pura coincidência para não achar que o roteiro é preguiçoso – o que parece muitas vezes. Ao viajar e buscar o tal local, Barão Dormo (Chiwetel Ejiofor) aparece do nada no filme e conduz o Doutor para Kamar-Taj. Chega a ser algo muito clichê aventuresco, um personagem aparecer sem motivo aparente na trama, apenas por acaso, e dizer as palavras “Você está procurando por tal lugar?”. Se devemos ou não desconsiderar isso por ser um filme de super-herói e, portanto possuir elementos da jornada do herói é algo que me questiono.

Temos o primeiro contato com a Anciã (a excelente Tilda Swinton) e também primeiro contato com suas explicações sobre as realidades com cenas cheias de efeitos visuais de encher os olhos. É algo realmente hipnotizante e é difícil não se sentir extasiado com tanta coisa diferente passando na tela. “Quem é você nesse vasto multiverso, Stephen Strange?”, pergunta ela. Uma introdução ao multiverso e a realidades paralelas de forma bem sutil e bem explicada não apenas para o filme mas para o Universo Marvel como um todo.

Algo que também é questionador é o treinamento de Strange ser tão rápido e mal explorado. Ele mal começa a lutar e aprender as artes místicas e mágicas e por um acaso se torna conhecedor e dominador do Olho de Agamotto (uma peça que controla o tempo, nada menos que a Joia do Tempo) e num outro pulo somos rapidamente introduzidos ao que são os Sanctum Sanctorums e quem é a grande ameaça do filme; Dormammu. Não, não é Kaecilius (Mads Mikkelsen, mal aproveitado pelo roteiro aliás) que é a grande ameaça.

Falando em personagens mal aproveitados, parece que o único que é aprofundado mesmo é Strange, que nem preciso mencionar que ficou perfeito na pele de Cumberbatch. Porém é quase decepcionante como não sabemos nada sobre Wong (Benedict Wong), ou até mesmo a enfermeira Christine Palmer (Rachel McAdams). Não era necessário muito mais tempo de tela para cada um, mas uma importância a mais para tais resultaria em algo melhor.

O grande espetáculo do filme, porém, está na parte visual. Temos um pouco do que vimos em A Origem, uma realidade completamente contorcionista, gerando imagens incríveis, algo que continua hipnotizador, fazendo com que o olho não desgrude da tela em momento algum. Não é nem um pouco a toa que o longa foi indicado a categoria de melhores efeitos visuais – e que eu acreditava que ganharia.
 
Entretanto, não são imagens lindas de tirar o fôlego que faz um filme. O roteiro precisa ser rico igualmente, o que em Doutor Estranho não acontece muito bem. O humor Marvel chega às vezes a ser chato e até descontextualizados em cenas que precisavam ser completamente sérias. Vale muito a iniciativa de abraçar o diferente e esquecer tudo o que conhecemos, como diziam as divulgações, mas o próprio filme não abraça a ideia completamente. Gostaria muito de que as questões mais sérias fossem mais bem desenvolvidas no filme, como o excelente último discurso da Anciã, falando de uma maneira linda – em uma cena linda – sobre a vida e a morte. “Morte é o que dá sentido a vida. Saber que seus dias estão contados. Que o tempo é curto.
 
Doutor Estranho é um bom primeiro filme, mas nada além disso. As explicações dadas de ameaças de dimensões que nem conhecemos vale muito num contexto geral do que está por vir pela Marvel, mas no filme em si é algo simples e pouco aproveitado. A experiência vale mesmo pela diversão do roteiro, pelos momentos visuais impressionantes e por último não menos importante; um personagem muito interessante que possui muito potencial a ser desenvolvido nos próximos filmes.

O filme estreou em Novembro de 2016 e acaba de ser disponibilizado em DVD e Blu-Ray no Brasil.

Título: Doutor Estranho (Doctor Strange)
Duração: 1h50m
Direção: Scott Derrickson
Música por: Michael Giacchino
Ano: 2016
Nota do IMDb: 7,7/10
Rotten Tomatoes:  90%

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