O filme que Hugh Jackman e todos os fãs do carcaju mereciam.
Logan se passa em 2024, onde os mutantes não existem mais. Os únicos restantes estão escondidos; Logan (Hugh Jackman), que vive uma vida decadente de motorista para se sustentar, Caliban (Stephen Merchant), e Charles Xavier (Patrick Stewart), a mente mais poderosa, mas que está fraca e enfrenta diversos problemas de alguma doença, ou mesmo a velhice.
O roteiro começa a aquecer já no começo quando Donald Price (Boyd Holdbrook), o líder dos Carniceiros - um grupo que caça mutantes - aparece. A partir daí a trama já começa a esquentar e somos apresentados a Laura (Dafne Keen). A missão de Logan é proteger essa misteriosa garota desse grupo liderado por Price. O velho carcaju, porém, obviamente recusa, mas quando encurralado em seu esconderijo, não vê outra opção além de fugir. E é aí que vemos pela primeira vez a garota que já havia nos conquistado nos trailers em ação. É sangue pra todo o lado, snikt pra cá e pra lá, e uma emoção sem tamanho. Dafne Keen rouba a cena em todos os momentos dando um show de atuação com seu carisma particular e ao mesmo tempo a carinha jovem-ranzinza, basicamente um Wolverine versão feminina e muitos anos mais jovem – e mais fofa também.
É dada a largada a perseguição, com cenas frenéticas muito bem feitas. Há muita violência aqui e não é a toa; o personagem sempre mereceu isso. O filme todo mostra Logan em um objetivo que parece simples, mas nas entrelinhas é muito mais do que uma roadtrip, é muito mais do que levar Laura a um determinado lugar; é o último filme de Hugh Jackman. É a despedida do Wolverine que conhecemos há quase duas décadas. É o nosso adeus a esse mutante, e o adeus do ator ao personagem. É o último suspiro. São fatores que, somados, resultam numa carga dramática excelente, conseguindo cumprir muito bem tudo o que é proposto.
Há homenagens indiretas ao Faroeste – uma das inspirações para o longa é o filme Os Imperdoáveis de 1992, e Os Indomáveis, esse dirigido pelo próprio James Mangold em 2007 - e dá pra ver isso no visual do filme e no visual dos próprios personagens. Mas ao invés de termos cavalos e armas antigas, temos carros e o grupo ciborgue no deserto. Um toque bem moderno a um gênero memorável que aos poucos vem voltando ao cinema atual. As homenagens diretas também existem e a mais clara delas é a passagem do filme Shane (Os Brutos Também Amam), de 1953, que é até citada mais tarde, de maneira muito pontual e bem encaixada.
O objetivo se desenvolve naturalmente nesse futuro distópico, o que é uma coisa interessante pois difere muito dos filmes de heróis que conhecemos. Não há aquela ameaça mundial do vilão que quer dominar o mundo, é algo mais particular. É algo conciso, fechado, mas não chega a ser episódico. É muito mais a parte de todos os X-Men que tivemos até hoje, quase que independe de tudo o que veio antes.
A relação entre Logan e Laura cresce muito emocionalmente e o desfecho é lindo e tocante. O mesmo acontece com a relação Logan/Charles, e o ápice deste ocorre na cena do jantar com a família que os oferecem abrigo. É ali que vemos o sentimento paternal, o sentimento professor/aluno, e muito além disso; a relação de pai e filho que eles possuem. É forte, emocionante e muito justo.
O Wolverine que sempre quisemos ver aparece nos momentos certos do filme, mas é quase no fim que ele realmente desembainha as garras e o bicho pega. É ali onde Hugh Jackman dá tudo de si de verdade. Corre, pula, sofre, se rasteja e mostra de forma incrível a amargura de alguém que está perdendo seus poderes, que há um tempo já estava péssimo. O melodrama de algo que está chegando ao fim, mas um fim respeitável e satisfatório.
Exceto pelas outras crianças que pareceram um pouco fora do contexto e que, ainda bem, tiveram pouco tempo de tela, pode-se dizer que a única coisa ruim é que não é algo 100% heroico. Não possui literalmente tudo o que um último filme desse Wolverine e seu legado precisava ter para se tornar completamente digno, o filme não explora tudo de si mas ainda assim entrega um ótimo resultado.
Logan é violento, bruto, mas dramático e tocante ao mesmo tempo. É aquilo que um fã merece, e também um filme respeitável, que difere de forma extremamente positiva do gênero de super-heróis. Fato que afirma que grandes heróis podem ter bons filmes sem seguir a fórmula cansativa do gênero. Um adeus ao personagem, que finalmente é o Wolverine definitivo dos cinemas.
Duração: 2h21
Direção: James Mangold
Ano: 2017
Nota no IMDb: 9,0/10
Rotten Tomatoes: 93%
Nota do Nerd: ★★★★ [A avaliação do Nerd nas estrelas vai de ★ (uma estrela) à ★★★★★ (cinco estrelas)]
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