segunda-feira, 11 de setembro de 2017

It: A Coisa | Crítica

Por Unknown   Postado em  09:58   crítica Nenhum comentário

Uma lição sobre amizade.
É normal no cinema acontecer algo que gosto de chamar de efeito hipnótico, onde o espectador senta na poltrona da sala, não vê os minutos passando e por algum tempo se esquece da realidade e vive um outro universo. Melhor ainda é quando isso transcende o tempo e por alguns instantes nos sentimos até mesmo numa outra década. 

É fato que Stranger Things (um seriado extremamente inspirado em obras do mestre Stephen King, autor do livro It) abriu as portas para a nostalgia nas telas e fez com que o estúdios acreditassem que seria possível fazer um filme como It acontecer; o remake de uma obra antiga, atualizada para os dias de hoje, mas mantendo a essência e o saudosismo.


É incrível como It: A Coisa já conquista nos primeiros minutos de tela, com a música de Benjamin Wallfisch, tocante e sentimental, que já dá uma noção do que está por vir nas próximas duas horas. A relação entre Georgie (Jackson Robert Scott) e seu irmão mais velho, Bill (Jaeden Lieberher) representada pelo icônico barquinho amarelo flutuador nos cortes iniciais do filme é bastante comovente, e que é logo cortada de forma bizarra pela primeira aparição do peculiar palhaço Pennywise (Bill Skargard) na marcante cena do esgoto. 

Envolto a trama principal que se passa na cidade de Derry; onde crianças começam a desaparecer de maneira misteriosa, num bairro onde fatos estranhos, violentos e perturbadores acontecem há muito tempo, a construção de cada personagem acontece numa constante, onde nenhum minuto de tela de cada um é desperdiçado. Os elementos clássicos de obras de Stephen King estão mais do que presentes e atualizados de forma excepcional; o grupo de crianças que se juntam para combater um mal local, uma força bizarra, que no caso, é o maligno palhaço Pennywise.

Em nenhum momento o filme aterroriza de forma desnecessária. As cenas “assustadoras” tem um viés completamente diferente do que apenas assustar gratuitamente. Elas servem pra mostrar a personalidade de cada personagem, como o pequeno Eddie Kaspbrak (Jack Dylan Grazer) e suas obsessões por higiene e saúde, Ben Hanscom (Jeremy R. Taylor) e sua fissuração pelos fatos de Derry, Mike Hanlon (Chosen Jacobs) e seus traumas de acidentes do passado, Stanley (Wyatt Ollef) com um quadro em específico da igreja de seu pai, até mesmo Richie (Finn Wolfhard) e o medo de palhaços. Os medos são bem variados, mas igualmente representados e com o mesmo cuidado no filme para cada um dos personagens.


Aliás, falando do clube dos perdedores, já vale citar por aqui que os atores mirim foram extremamente bem dirigidos e caracterizados. É impressionante como cada um representa muito bem a personalidade que quer transmitir. Exemplos disso são as piadinhas inconvenientes de Richie que em nenhum momento são confortáveis mas arrancam risadas de quem assiste, justamente por serem constrangedoras, e também o toc de Eddie por se manter saudável, tomar remédios, assim como sua preocupação com o que sua mãe vai achar de tudo o que ele faz. Os garotos se destacam o tempo todo, em nenhum momento deixam a desejar no desempenho. 

Até mesmo a única garota do grupo Beverly Marsh (Sophia Lillis) com aquela história clássica de meninas em filmes antigos: a garota que tem má fama no colégio mas que no fundo não é nada disso. Sophia demonstra isso muito bem, e sua interação com o resto do elenco também é muito bem estruturada. É impressionante como um elenco que tem a média de 14 anos parece ser muito mais maduro do que é, não pela personalidade, mas pelo talento de cada um.

Ao longo do filme, traumas são superados e laços são criados e reforçados entre os personagens. Alguns elementos são desenvolvidos muito bem, em nenhum momento o filme se prende no seu gênero que é classificado como terror, mas transita por várias áreas, é até muito mais engraçado do que o esperado em algumas partes. O que não tira mérito nenhum dos criadores pois apesar de ter várias características distintas, a história não se desvirtua em nenhum momento do que era pra ser.


O filme não é um terror que só serve pra dar medo, e isso se resume bastante na principal figura da história; o palhaço (muito bem interpretado por Bill Skargard). O vilão da história, apesar de ter uma aparência assustadora, é muito mais do que apenas uma criatura maligna. Dá pra dizer que é muito mais bizarro do que assustador, pois na maioria das vezes a sensação que se tem sobre isso é estranheza, e não medo propriamente dito.

It: A Coisa é uma lição de um filme bem e cuidadosamente construído; possui vários elementos do terror clássico, mas ao mesmo tempo atualizados pros tempos de hoje. Um filme que de alguma maneira transmite a nostalgia de tempos passados e que com certeza deixa um gosto de quero mais quando acaba.
Ah, e por falar nisso: esse foi só o começo.. vai ter continuação!
Título: It: A Coisa (IT Movie)
Diretor: Andy Muschietti
Duração: 2h15m
Nota do IMDb: 8,2/10
Rotten Tomatoes: 86%
Avaliação do Nerd:

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Thanks, Ron.