James McAvoy dá um show de atuação em mais um show de
direção de M. Night Shyamalan.
Pelo histórico de filmes do consagrado diretor M. Night Shyamalan, que
continham o famoso plot twist -a virada de roteiro que faz a sua cabeça
explodir -era difícil não esperar menos de seu novo filme, Fragmentado.
Sem entrar no mérito de que um dos filmes mais conhecidos do cinema (O Sexto
Sentido) foi o que estabeleceu a carreira do cineasta em Hollywood, Shyamalan
entrega um ótimo trabalho e não decepciona no resultado do filme.
Na história do filme temos três garotas - Casey (Anya Taylor-Joy), Claire (Haley Lu Ricahrdson) e Marcia (Jessica Sula) - que são sequestradas por Kevin
(James McAvoy), um homem que sofre de Transtorno Dissociativo de Identidade, -
múltipla personalidade -, tendo 23 identidades diferentes vivendo eu seu corpo.
Tendo essa única informação já começo citando o que pode ser um ponto negativo, mas é algo positivo em sua relevância.
Quem vai ao cinema pensando em ver um suspense ou drama que entra no assunto e
pormenoriza cada detalhe sobre quem sofre esse tipo de transtorno, e claro, com
uma virada de roteiro ou surpresas, pode se decepcionar um pouco com o rumo que
o filme toma lá pela metade, e também porque não é um filme sobre o assunto. No TDI, James McAvoy faz um trabalho
impressionante de atuação. É completamente crível que o personagem não é um só.
É crível a infantilidade e inocência de Hedwing, a personalidade de Barry, o
vício de Dennis por limpeza, a soberba de Patricia... O ator foi a escolha mais
que certa pro papel, com determinadas cenas que causam até um terror
psicológico. Sua atuação é o espetáculo o filme, fazendo valer muito as horas assistidas. Isso somado ao estilo de filmagem de Shyamalan que traz muito do cinema
clássico, é algo louvável. Até as atrizes jovens foram uma escolha muito boa
nos papéis. Aliás, um destaque para a pequena Izzie Coffey, que com pouquíssimo tempo de tela apresenta muito carisma interpretando a Casey com 5 anos de idade em flashbacks.
Quando o roteiro dá a virada, não é exatamente a virada
esperada. O filme toma um caminho mais questionador e até espiritual,
contrariando todo o realismo plasticizado presente na história no começo do
filme. A psicóloga Fletcher (Betty Buckley) explicando meticulosamente como funciona uma mente
que tem múltiplas identidades, baseando-se até em fatos que aconteceram – como
no caso da paciente que tinha uma das identidades cegas e as outras que
enxergavam – é algo que fica pra traz para o resultado final do filme, o que
parece elementos gratuitos, que foram usados de forma muito boa, mas foram
deixados para trás.
Porém, a questão espiritual é algo a se pensar. Até quando alguém
que sofre esse distúrbio consegue “criar” novas personalidades? Ou melhor, até
onde o paciente de TDI pode se fragmentar? Do começo ao final exagerado isso é
muito bem mostrado, não há dúvida. E é aí que mora a verdadeira surpresa, a
entrega de cenas completamente frenéticas de terror com a transformação final de
Kevin. O que o filme entrega aqui é muito interessante e assustador, um novo tom para um filme que transita de forma muito plausível entre o humor, a diversão, e o horror. E claro, o verdadeiro plot-twist, que está na cena final, de uma maneira
muito mais inesperada do que o comum.
Pra quem gosta da atmosfera dos filmes do Shyamalan,
Fragmentado é um prato cheio e delicioso. Até mesmo o fã de suspense vai se
sentir satisfeito com os elementos criados no filme e as surpresas que entrega.
É um filme que vai ser lembrado por bastante tempo, não ao nível de O Sexto
Sentido, mas já é uma marca muito bem conquistada pelo diretor, que ao que parece, não vai parar só por aqui, o Shyamalanverso vai continuar.
Duração: 1h57m
Direção e roteiro: M. Night Shyamalan
Nota do IMDb: 7,5/10
Rotten Tomatoes: 75%
Avaliação do Nerd:
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