sábado, 25 de março de 2017

Fragmentado | Crítica

Por Unknown   Postado em  19:09   crítica Nenhum comentário

James McAvoy dá um show de atuação em mais um show de direção de M. Night Shyamalan.

Pelo histórico de filmes do consagrado diretor M. Night Shyamalan, que continham o famoso plot twist -a virada de roteiro que faz a sua cabeça explodir -era difícil não esperar menos de seu novo filme, Fragmentado.
Sem entrar no mérito de que um dos filmes mais conhecidos do cinema (O Sexto Sentido) foi o que estabeleceu a carreira do cineasta em Hollywood, Shyamalan entrega um ótimo trabalho e não decepciona no resultado do filme.

Na história do filme temos três garotas  - Casey (Anya Taylor-Joy), Claire (Haley Lu Ricahrdson) e Marcia (Jessica Sula) - que são sequestradas por Kevin (James McAvoy), um homem que sofre de Transtorno Dissociativo de Identidade, - múltipla personalidade -, tendo 23 identidades diferentes vivendo eu seu corpo.

Tendo essa única informação já começo citando o que pode ser um ponto negativo, mas é algo positivo em sua relevância. Quem vai ao cinema pensando em ver um suspense ou drama que entra no assunto e pormenoriza cada detalhe sobre quem sofre esse tipo de transtorno, e claro, com uma virada de roteiro ou surpresas, pode se decepcionar um pouco com o rumo que o filme toma lá pela metade, e também porque não é um filme sobre o assunto. No TDI, James McAvoy faz um trabalho impressionante de atuação. É completamente crível que o personagem não é um só. É crível a infantilidade e inocência de Hedwing, a personalidade de Barry, o vício de Dennis por limpeza, a soberba de Patricia... O ator foi a escolha mais que certa pro papel, com determinadas cenas que causam até um terror psicológico. Sua atuação é o espetáculo o filme, fazendo valer muito as horas assistidas. Isso somado ao estilo de filmagem de Shyamalan que traz muito do cinema clássico, é algo louvável. Até as atrizes jovens foram uma escolha muito boa nos papéis. Aliás, um destaque para a pequena Izzie Coffey, que com pouquíssimo tempo de tela apresenta muito carisma interpretando a Casey com 5 anos de idade em flashbacks.


Quando o roteiro dá a virada, não é exatamente a virada esperada. O filme toma um caminho mais questionador e até espiritual, contrariando todo o realismo plasticizado presente na história no começo do filme. A psicóloga Fletcher (Betty Buckley) explicando meticulosamente como funciona uma mente que tem múltiplas identidades, baseando-se até em fatos que aconteceram – como no caso da paciente que tinha uma das identidades cegas e as outras que enxergavam – é algo que fica pra traz para o resultado final do filme, o que parece elementos gratuitos, que foram usados de forma muito boa, mas foram deixados para trás.
Porém, a questão espiritual é algo a se pensar. Até quando alguém que sofre esse distúrbio consegue “criar” novas personalidades? Ou melhor, até onde o paciente de TDI pode se fragmentar? Do começo ao final exagerado isso é muito bem mostrado, não há dúvida. E é aí que mora a verdadeira surpresa, a entrega de cenas completamente frenéticas de terror com a transformação final de Kevin. O que o filme entrega aqui é muito interessante e assustador, um novo tom para um filme que transita de forma muito plausível entre o humor, a diversão, e o horror. E claro, o verdadeiro plot-twist, que está na cena final, de uma maneira muito mais inesperada do que o comum.

Pra quem gosta da atmosfera dos filmes do Shyamalan, Fragmentado é um prato cheio e delicioso. Até mesmo o fã de suspense vai se sentir satisfeito com os elementos criados no filme e as surpresas que entrega. É um filme que vai ser lembrado por bastante tempo, não ao nível de O Sexto Sentido, mas já é uma marca muito bem conquistada pelo diretor, que ao que parece, não vai parar só por aqui, o Shyamalanverso vai continuar.


Título: Fragmentado (Split)
Duração: 1h57m
Direção e roteiro: M. Night Shyamalan
Nota do IMDb: 7,5/10
Rotten Tomatoes: 75%
Avaliação do Nerd:

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