Uma das grandes premissas de Narcos, era justamente mostrar o lado real do que de fato ocorreu na caçada a Pablo Escobar, um dos narcotraficantes mais perigosos (quiçá o mais) do mundo. Até então, tudo estava na medida certa. Apesar daquele "problema" da série transitar muito entre uma série policial e série documentada, a realidade na série era muito bem colocada, misturada a ficção, muito bem produzida em toda a primeira temporada.
A nova temporada continua nessa pegada por um longo período, mas chegando ao seu desfecho, isso se desvirtuou um pouco.
Comentaremos, então, desde o começo; na primeira temporada, vimos Escobar desde o início de sua carreira, passando pela construção de seu império da cocaína e chegando ao primeiro conflito direto com a anti-narcóticos. No fim da temporada, Pablo e seus comparsas são cercados pelo exército colombiano em sua "prisão particular", a La Catedral, e acaba por aí.
A segunda temporada é uma continuação direta da primeira. Pablo Escobar, com seu superpoder, consegue escapar da emboscada. Toda Colômbia fica em choque com tal acontecimento. A DEA (agência anti drogas norte-americana) fica feliz, com o nome limpo, pois o vacilo aconteceu na mão dos soldados colombianos. O presidente Gaviria já começa a bolar planos para a captura de Escobar, e é aí que as coisas começam a ficar "divertidas".O plano de Pablo Escobar, é tentar renegociar com o governo sua estadia na prisão, que na verdade era uma mansão do traficante, e ele realmente achava que ia conseguir tal astúcia novamente. Porém, o plano do presidente Gaviria era completamente oposto: capturar Pablo a qualquer custo. É aí que as coisas realmente esquentam, pois vários atos contra Pablo viraram guerra declarada. Vemos nessa temporada atrocidades realmente cometidas por Pablo Escobar na década de 90, que nem da pra acreditar que aconteceu, de tão cruéis que foram.
Se na primeira temporada o que vimos foi o grande império Escobar sendo construído, aqui vemos aos poucos ele sendo quebrado, até desmoronar... E como o "spoiler" que a própria Netflix liberou nas redes dizia, Pablo morre nessa temporada. "Spoiler" esse que não estraga nenhum pouco a experiência de continuar assistindo a série. Até porque, era só jogar no Google a história de Pablo que esse "spoiler" apareceria. Pois bem, repito que nada estraga a experiência. Continua sendo muito legal ver como a DEA age na Colômbia com os agentes Javier Pena (Pedro Pascal) e Steve Murphy (Boyd Holbook) são dois personagens muito fortes e atores muito bem trabalhados na série.
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| Boyd Holbrook como o agente Murphy |
A leviandade de Wagner Moura vivendo o traficante colombiano continua incrível. A releitura de Pablo Escobar que Moura fez a seu método ficou impressionante. Nessa temporada, mais velho, com cabelos grisalhos e gordo, muito gordo. E é legal fazer essa observação, pois em uma entrevista dada ao talkshow da Netflix, Chelsea, Wagner disse que se lembrava de ver nos noticiários um homem muito, muito gordo. Legal o ator querer trazer isso para dar vida ao personagem.
Nessa temporada, mais imagens foto-jornalísticas foram utilizadas, o que é bem legal pois deixa a série mais rica nos detalhes, sendo baseada nesses eventos reais, e deixa o espectador mais ciente e com mais conhecimento de tudo o que aconteceu na caçada a Escobar.
Como na vida real, a série também impressiona na violência. Têm-se uma ideia do método de tortura que o criminoso colombiano praticava em suas estratégias para permanecer no trono do rei da cocaína.
Nessa temporada, mais imagens foto-jornalísticas foram utilizadas, o que é bem legal pois deixa a série mais rica nos detalhes, sendo baseada nesses eventos reais, e deixa o espectador mais ciente e com mais conhecimento de tudo o que aconteceu na caçada a Escobar.
Como na vida real, a série também impressiona na violência. Têm-se uma ideia do método de tortura que o criminoso colombiano praticava em suas estratégias para permanecer no trono do rei da cocaína.
Erros na série são quase imperceptíveis. Um deles, que pode incomodar um pouco, é que no começo as coisas acontecem rápido demais, e até algumas coisas repetitivas (como os agentes indo atrás dos sicários de Pablo), e no final tudo fica incrivelmente lento para chegar no desfecho. Mas no geral, a série consegue cumprir seu papel daquele esquema de fatos reais com os toques fictícios.
Importante destacar que a Netflix renovou a série para não só uma, mas duas novas temporadas. A terceira temporada deve chegar em 2017, enquanto a quarta, provavelmente em 2018.
Mas você me pergunta: mas se o Pablo Escobar morreu, como vai ser?! Te respondo: Gilberto Rodríguez Orejuela, esse é o nome da vez. O chefe do Cartel de Cali, interpretado por Damián Alcázar, inclusive um dos colaboradores para a queda de Escobar.
É ganância da Netflix querer duas temporadas assim mas pode valer a pena, então o que resta é aguardar!
E aqui vai um comentário pessoal que me fez refletir um pouco ao terminar de assistir a série:
Afinal, quem realmente era Pablo Escobar? O Robin Hood de Medellín? O monstro que cometeu vários atos criminosos? Um pai que se preocupava com seus filhos e sua mulher? Um traficante barra-pesada com uma mente maléfica? Um demônio?
Nos últimos minutos da série, quando o mundo finalmente está livre de Pablo Emilio Escobar Gaviria, o personagem de Boyd Holbrook, o agente Murphy (que estava presente nos primeiros e últimos atos contra Pablo) disse uma frase muito interessante, não exatamente nessas palavras, mas algo como: "Ele estava ali, na minha frente. Engraçado... Todos esses anos a gente fica imaginando como seria o demônio. E quando finalmente o pegamos, vimos que não é tão grande coisa assim"
Pablo foi de fato um homem mau, um criminoso, um assassino... Mas vale a pena refletir sobre quem realmente são essas pessoas que cometem tais atos. Dá até pra fazer uma analogia com nosso cotidiano, se baseando no pensamento de banalização do mal da filósofa Hannah Arendt.
Será que a natureza da atividade de pensar, o hábito de examinar, refletir sobre qualquer acontecimento, poderia condicionar as pessoas a não fazer o mal? Estará entre os atributos da atividade do pensar, em sua natureza intrínseca, a possibilidade de evitar que se faça o mal? Ou será que podemos detectar uma das expressões do mal, qual seja, o mal banal, como fruto do não-exercício do pensar?
Hannah Arednt defendia que a massificação da sociedade e o totalitarismo permitiram o desenvolvimento de pessoas que agiam sem pensar, cumpriam ordens sem questionar (no caso, talvez podemos aplicar isso nos ajudantes de Escobar). Pessoas incapazes de fazerem julgamentos morais com si próprios. Dia a dia pessoas agem sem pensar, se camuflam em seus comportamentos, resquícios do totalitarismo. Mas são pessoas, humanos, como eu e você... Enfim, um pensamento muito complexo que pode ser aplicado em várias questões. Vale a pena dar uma pesquisada sobre o pensamento dessa filósofa.
Desculpem meus devaneios, talvez não tenha falado coisa com coisa. Mas não poderia deixar passar esse comentário! :)
Então, vamos aguardar a próxima temporada de Narcos!
Título: Narcos
Duração: 50m./ep
Criadores: Chris Brancato, Carlo Bernard, Doug Miro
Gênero: Série documentada, drama, crime
Nota do IMDb: 9,9/10
Rotten Tomatoes: 89%
Nota do Nerd: ✫✫✫✫
[a avaliação do Nerd Nas Estrelas vai de ✫ (uma estrela) a ✫✫✫✫✫ (cinco estrelas)]
[a avaliação do Nerd Nas Estrelas vai de ✫ (uma estrela) a ✫✫✫✫✫ (cinco estrelas)]
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