Segundo filme da franquia expande o universo secreto e mantém o visual mirabolante
É fato que Kingsman: O Serviço Secreto foi uma surpresa que muitos não estavam preparados. Entramos numa sala de cinema pra assistir a um filme novo e aparentemente normal, mas que na verdade era uma maluquice sem fim; tinha Colen Firth arrebentando numa briga de bar, Samuel Jackson vilão, e claro, a inesquecível cena da igreja que foi simplesmente inacreditável.
O fator surpresa fez de Kingsman o sucesso que é, tanto que a franquia se expandiu com um novo filme; O Círculo Dourado. Esse fator também fez com que a alta expectativa fosse gerada para que o filme fosse mais grandioso do que o primeiro, ou tão grandioso quanto, mas o resultado foi quase abaixo da média.
Kingsman: O Círculo Dourado continua o que foi mostrado no primeiro filme; todos os esteriótipos do agente secreto britânico; as bugigangas de espionagens completamente exageradas; o humor sarcástico; piadinhas frenéticas, as agitadas e explosivas cenas de ação, e todos os outros elementos.
Dessa vez, os protagonistas lutam contra uma misteriosa força de narcóticos que vem ganhando os usuários de drogas. Já começando a falar da maravilhosa atriz Juliane Moore, que não precisou de nenhum esforço pra viver a vilanesca Poppy, e empresária multibilionária dona da empresa fabricante de drogas escondida do resto do mundo. A única coisa que fez falta em Moore foi uma participação mais elaborada, pois aparentemente seu protagonismo apesar de excelente, ficou um pouco jogado.
Foi interessante a sacada de Poppy ser uma mulher rica que quer se mostrar pro mundo mas que não pode fazer isso pois atua no mercado ilegal e criminoso das drogas, mas inteligente como no roteiro isso se funde mais pra frente. A motivação da vilã não é aquela bobice de "dominar o mundo", mas sim o desejo por ser reconhecida, a fama e o dinheiro também. Não deixam de ser elementos clichês, mas que no universo Kingsman encaixam muito bem.
Os agentes da Kingsman, Eggsy (Taron Egerton) e Merlin (Mark Strong), agora estão desfalcados - seguindo a linha de onde a his tória parou, com a ausência Harry, o agente Galahad (Colen Firth) que foi baleado pelo vilão no final do filme - têm o auxilio da Statesman, a companhia de bebidas que também tem sua faceta de serviço secreto. É até atrativo como eles expandiram o universo de agentes secretos para os Estados Unidos, e obviamente trazendo todos aquele esteriótipos americanos dentro do humor do filme. Os agentes Tequila (Channing Tatum) e Whiskey (Pedro Pascal) demonstram um pouco disso.
A trama, aceitável e tão mirabolante quanto a do primeiro filme envolve pelo fato do universo ter essas características, mas em determinado ponto do filme a falta do que há no filme anterior pega pesado e tudo se torna apenas aceitável. E essa falta é justamente do elemento surpresa.
Há poucas cenas frenéticas e eletrizantes. Whiskey e seu chicote elétrico e afiado, o agente Galahad recém recuperado correndo de cães elétricos, Eggsy com mais experiência no combate conseguem animar a tela, mas é bem mediano comparado ao que foi feito no primeiro filme. Houve uma tentativa de reproduzir todo aquele frenesi maluco de cenas absurdas e esteriótipos de filmes de ação, mas resultou em apenas um "ok".
Mas não é só as cenas de ação que fizeram falta. Um outro elemento que poderia ser mais aprofundado era a relação entre Harry e Eggsy, tão presente no primeiro filme e que nesse poderia estar também, por conta da fragilidade da memória de Harry, e do que Eggsy está passando, é bem generalista e pouco explorada.
Os atores continuam muito bons, tanto os já presentes no filme anterior quanto os acrescentados. Vale destacar Pedro Pascal - excelente em papéis como o Agente Peña em Narcos e Oberyn Martell em Game of Thrones - Jeff Bridges que é sempre bom em todos os papéis que faz, e a já citada Juliane Moore, que apesar do pouco espaço, está incrível no papel. Na produção, apesar de pouco envolvente e surpreendente, a qualidade se mantém.
Algo interessante de ser notado é o posicionamento sociopolítico que o filme apresenta. Um genérico presidente dos Estados Unidos demonstra isso, e com a leve reviravolta com um dos agentes da Statesman lá pro final do filme. O twist é interessante pois não estava muito na cara, mas veio bem do nada e sem explicação, quase um elemento jogado no roteiro.
Kingsman - O Círculo Dourado tenta repetir a dose e aumentar a utilização do elementos do primeiro filme, mas não entrega algo espetacular. Apesar de ter momentos animadores, extremamente engraçados e legais, não surpreende e é como se fosse o lado-não-tão-bom-assim d'O Serviço Secreto.
É possível rir e se divertir, porém terminando a sessão vem aquela sensação de que o filme poderia ser melhor explorado, e de que, obviamente, faltou uma cena que pelo menos chegasse aos pés da tão incrível cena da igreja.
Título: Kingsman - O Círculo Dourado (The Golden Circle)
Diretor: Matthew Vaughn
Duração: 141min
Nota do IMDb: 7,3/10,0
Rotten Tomatoes: 50%/100%
Avaliação do Nerd:
(Bom)
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