A comovente luta de Owen e os filmes animados contra o autismo.
Vivo dizendo e defendendo por aí que toda e qualquer mídia produzida (no cinema, TV, música, ou em outros meios) não são apenas produtos, mas sim histórias com quem qualquer pessoa pode se identificar, se sentir tocado por seja lá qual sentimento, e até mesmo se emocionar. Claro que em muitos casos a coisa funciona apenas comercialmente, mas isso acontece em qualquer área.
O que quero dizer é que o que os cineastas fazem – ou deveriam fazer – é conquistar
o espectador. Convidá-lo para um mundo desconhecido. Conhecer pessoas novas,
personagens que por mais que fictícios tenham a realidade como base de
construção. Isso faz de um filme, por exemplo, uma obra tanto fictícia quanto
real e possível. Roteiros que podemos aprender muitas lições de vida. Poderia
ficar escrevendo milhares de palavras sobre tantas jornadas que o cinema nos
passa, mas acho que o que disse já foi o suficiente pra entender o que
aconteceu na vida de um garoto que foi diagnosticado com autismo aos 3 anos de
idade.
E o que tudo isso tem a ver com a vida desse garoto? O diretor Roger Ross Williams (do
curta-documentário vencedor do Oscar Music
By Prudence) nos mostra a história real de Owen Suskind, um garotinho de uma
família normal, que vivia uma vida normal, até que um dia, aos três de idade, muda
drasticamente seu comportamento e é diagnosticado com autismo. A família, sem
saber o que fazer, presas ao mundo do autismo da criança, quase se desesperaram
com a situação do pequeno Owen.
A única coisa que ainda tranquilizava a família e a mantinha unida, era se reunir para assistir aos filmes animados da Disney. Owen já não falava nada há um ano. Quando falava, eram palavras sem sentido saíam de sua boca. Uma dessas palavras foi repetida várias vezes enquanto a família estava assistindo ao filme A Pequena Sereia. O que parecia apenas palavras sem sentido, na verdade era uma frase que Owen havia escutado no filme e repetido, com a pronuncia errada, mas era o que ele queria dizer. O próprio menino tenta se explicar, pegando o controle remoto e voltando na parte a frase.
E a frase não poderia ser mais significativa: “Just a voice”. Apenas uma voz.
Essa frase ecoa na luta de Owen contra o autismo. E que luta, essa... Uma luta com um aliado muito importante: os filmes da Disney. Owen começa a entender a vida através desses filmes. Ele se abre através deles. O que talvez não ficaria tão bom se não fosse feito do jeito que foi feito, transitando com vídeos e fotos reais de Owen quando criança e com Owen e sua família no momento atual, ele com 23 anos, já adulto, aparentemente dando conta de si mesmo, vitorioso com tudo o que passou e todas as batalhas que passou em sua vida.
O documentário apresenta momentos muito emocionantes, com momentos da vida de Owen e histórias de sua infância. A mensagem de superação passada é incrível e melancólica. Os filmes da Disney, sempre que citados, são colocados nos momentos exatos para exemplificar o que está sendo dito. E Owen, um já homem autista, quando conversa com a câmera passa mensagens muito legais, mesmo sem querer dizer muita coisa.
Life, Animated é um documentário que emociona. Em muitos momentos é possível refletir sobre a própria vida, e não só o autismo, em relação a mudanças, adaptações a lugares diferentes, bem como a aceitação desses fatores. Mas, é claro, a mensagem mais forte é a da superação de Owen, e o autismo, que é tratado de uma maneira leve e sutil, assim como ele deve ser tratado na vida real.
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