Do casamento Marvel + Netflix, Luke Cage é a série mais cansativa, mas que entrega um belo resultado.
Em 2015 o primeiro produto da parceria Marvel e Netflix de cara já ditava o tom desejado para as séries. Diferente dos filmes coloridos e alegres, cheios de piadas - e que as vezes até parecem não se levarem a sério - a primeira temporada de Demolidor trouxe uma atmosfera sombria, cheia de violência e pancadaria, com a intenção de tornar tudo mais real, e de também explorar o lado psicológico dos personagens, principalmente de Matt Murdock. A segunda temporada da série segue a mesma linha de pensamento, diga-se de passagem, resultando num produto estupidamente incrível.
Também em 2015 era lançada a primeira temporada de Jessica Jones, que se diferenciava um pouco de Demolidor por não ter tanta pancadaria e violência, mas que trazia um arco excelente da personagem, e que também trazia a tona temas da atualidade de forma muito viável.
Mostrado também em Jessica Jones, o terceiro personagem a ter seu título solo é Luke Cage.
De um personagem com super-força, não esperava-se muita coisa além de uma introdução ao personagem e suas origens, e claro, muita pancadaria. Mas não o resultado final não é somente isso, é muito mais. O personagem (com visual espalhafatoso) dos quadrinhos dos anos 70 ganhou um novo olhar na pele de Mike Colter e nas ruas do Harlem. Temos sim, uma origem digna para o personagem e para entende-lo melhor (como disse Method Man na letra de Bulletproof Love "não se pode conhecer um homem sem ter vivido o que ele viveu") foi tudo muito detalhado, mostrando o passado do personagem. Isso de cara já pode ser considerado algo ruim, pois o roteiro da série é muito extenso, com vários episódios tendo mais de uma hora de duração, mas não impede que o produto final seja algo muito bom.
As tramas paralelas não são feitas somente para apoiar à central. Elas são relevantes - e muito - e colaboram muito bem para a história toda. Detetive Misty (Simone Cook) é uma delas. Mas principalmente os antagonistas, esses que tem ligações muito fortes com Harlem, que por sua vez também é um elemento essencial para o roteiro. Cottonmouth, o Boca de Algodão, tem um ótimo arco na série, as vezes ate da pra torcer pelo vilão, talvez graças a atuação impecável de Mahershala Ali. Diamondback (interpretado por Erik Laray Harvey) Willis Stryker , outro antagonista, também é excelente. É muito bom ver que os personagens realmente tem motivações, estejam elas ligadas a um resultado bom, no caso de Luke Cage, ou mau, como Cottonmouth, Diamondbacke até mesmo a vereadora Mariah, na pele da maléfica Alfre Woodard.
Vale destacar a participação da enfermeira Claire - presente nas séries anteriores - que aqui tem talvez sua função mais importante; a de dar moral ao herói da história. Foi a participação mais significante da atriz Rosario Dawson dentro desse universo.
A única atuação que quebra um pouco a linha da série é justamente a de Mike Colter. Talvez porque seu personagem não possua tanto carisma quanto Matt Murdock e Jessica Jones. Mas ainda assim, entrega um ótimo Luke Cage.
Como dito pelos produtores, a trilha sonora é elemento essencial para a obra. Está ali não só para um fundo musical, mas para ajudar a contar a história, e também criar toda a atmosfera necessária para acreditar que tudo é real. Há alguns nomes famosos da música soul e do rap que estão presentes na série. Destaque para a atuação do rapper Method Man que aparece em um dos episódios da série como ele mesmo, entregando estrofes incríveis que deixam a realidade mais próxima da ficção.
Tudo isso cria uma atmosfera incrível para a série, que por mais que cansativa, introduz o personagem muito bem e enfeitiça o espectador dentro daquele mundo, cheio de representatividade.
É muito bom ver esse universo compartilhado da Marvel crescer de pouco em pouco, e vai ser mais incrível ainda ver todos os personagens lado a lado na série Os Defensores, que virá em 2017. Isso porque cada personalidade é diferente, cada um é cada um, e todos foram muito bem desenvolvidos nas produções.
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